quarta-feira, 28 de abril de 2010

Um dos mais belos filmes do mundo


A Rita não me levará a mal. É que "Lady in the Water" é um dos meus filmes favoritos e, lá está, como em todos estes casos de "filmes incompreendidos" ou "mal-amados" eu sinto-o mais como "meu" do que os outros - e, um aparte, não há obra que capte de forma tão lapidar a América Bush, melhor, a América pré-Obama (believe in change!). Por isso, presto-lhe homenagem deixando aqui, em jeito de antecipação, um textozito pequeno que um dia escrevi para uma revista de cinema on-line já extinta. Rita, mil desculpas, mas não resisto.

Em “A Senhora da Água”, mergulhamos num lugar microcósmico típico em Shyamalan: em vez de uma casa isolada numa vasta seara (“Sinais”) ou de uma vila cercada pela floresta (“A Vila”), um condomínio situado algures nos Estados Unidos serve de cenário a uma fábula contemporânea sobre o amor como reacção ao sentimento de apatia e abandono que tem esvaziado as sociedades ocidentais.

Cleveland Heep (melhor papel de sempre de Paul Giamatti), o superintendente dos edifícios, é um homem bondoso, que vive diariamente com a memória da perda brutal da sua família. Numa noite igual às outras, Cleveland é acordado pelo ribombar de um rocket: ninguém escapa à guerra que passa, em directo, na TV e há mesmo um inquilino que perdeu a esperança e abdicou de viver fora do ecrã – o primeiro cerco de “A Senhora da Água” é mediático, tal como em “Sinais”.

O atordoamento de Cleveland provocado pela reportagem da guerra (tão longe, tão perto...) cedo é interrompido pelo som misterioso de um chapinhar, vindo da piscina do condomínio. Instantes mais tarde, percebemos que esta serviu de canal de entrada no mundo dos homens para uma ninfa, de nome Story (luminosíssima Bryce Dallas Howard), que diz ter vindo do “Mundo Azul” com o objectivo de salvar a humanidade. Todavia, monstros ferozes, nascidos da terra como árvores, irão fazer de tudo para perpetuar a divisão entre terra e água – eis que se eleva o segundo cerco. Contra todas estas adversidades, a redenção acontece graças ao amor que liga Cleveland a Story e que culmina na comovente cena da cura "miraculosa" da ninfa.

(texto publicado originalmente na revista Red Carpet, Junho de 2008)

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