segunda-feira, 12 de abril de 2010

Antecipação: "John Carpenter's Ghosts of Mars" de John Carpenter (I)


Não, isto não é uma manifestação de professores para alterar o modelo de avaliação. Também não há aqui mão da CGTP ou, muito menos, da UGT. O PCP, que se saiba, também não está representando, apesar da prática do soco e da estalada não estar fora da agenda. É o Maio de 68 para gente da pesada, sem os betinhos da faculdade e filosofias de trazer por casa. À cabeça, Big Daddy Mars e atrás uma turba descontrolada de indivíduos possuídos pelo Demo.

Não, temos que ser sérios. Ok, novo take: o filme que escolhi para esta distinta caldeirada cinematográfica foi "John Carpenter's Ghosts of Mars" que, caso ainda se estejam a interrogar, é realizado por um dos maiores no ramo. Na análise que me proponho fazer tentarei dar corpo a três ideias que considero fundamentais: a primeira é que "Ghosts of Mars" é um western; a segunda é que "Ghosts of Mars" é um filme político e a terceira é que este é um dos filmes da década que mais desafiam o vector espaço-tempo.

A primeira hipótese lança, a meu ver, a interrogação sobre o eterno equívoco (ou promiscuidade mesmo) entre o clássico e o moderno no cinema: será isto Hawks no século XXI ou o século XXI já está em Hawks?

A segunda hipótese, inspirada num texto de Tom Whalen "This is about one thing - Dominion - John Carpenter's Ghosts of Mars", publicado na Film and Literature Quarterly (2002), na folha da cinemateca assinada por Manuel Cintra Ferreira e sobretudo na magnífica entrevista que Carpenter deu aos Cahiers du Cinéma em 2001 (publicarei os meus trechos favoritos em breve), traduz uma tentativa antiga minha de afirmar a singularidade deste filme na obra recente de Carpenter e a sua estreita ligação com a actualidade política norte-americana; logo, internacional; logo, universal, leia-se, interplanetária. Ou seja, Marte está a um passo da Terra, pelo menos, para um dos maiores cineastas vivos.

A terceira hipótese, ligada às anteriores, enforma outras (im)possibilidades: em que medida é futuro o(s) passado(s) que se conta(m) em "Ghosts of Mars" ou não será esta uma das mais arriscadas manobras temporais na obra do realizador; logo, um dos seus filmes mais "modernos"?

Dia 29, às 21h00, no auditório 1, tentarei dar resposta a todas estas questões ou levantá-las de outro modo.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue

Seguidores