terça-feira, 27 de abril de 2010

Publicações do dia 26: "Bug" e "Noite Escura"


"Bug" (2006) de William Friedkin analisado por André Rebocho:

What a director’s doing at all times in a film is creating an atmosphere where the actors feel free not only to perform, but to expose themselves in some way.

Bug passou relativamente despercebido, aquando da sua estreia nas salas portuguesas no verão de 2007, ofuscado pelo sucesso estrondoso de blockbusters como a terceira parte de Piratas das Caraíbas e alguns outros sucessos garantidos a que Hollywood nos habituou na silly season.

É interessante ver como Friedkin consegue trazer-nos algo de verdadeiramente novo, algo perturbadoramente refrescante, numa década em que a indústria cinematográfica americana, impulsionada pela necessidade de fazer frente à ameaça da internet e do DVD pirata, se virou para a repetição de tudo quanto sejam fórmulas de êxito garantido, explorando ad nauseum - e com sucesso variável – a produção de sequelas e remakes, começando por reciclar grandes sucessos de outrora até chegar ao ponto em que qualquer película, por mais esquecida e imemorável que tenha sido no passado, volte a ver a luz do dia, desta vez com uma roupagem adequada aos “padrões” da época: algo parecido com um videoclip da MTV com a duração de uma hora e trinta minutos.

Ler análise na íntegra aqui.


"Noite Escura" (2004) de João Canijo analisado por Sara Campino:

Aqui não se ouve a voz dos deuses que na tragédia grega cantam de forma eloquente a sua ira. Aqui a impiedade suprema não mora no Olimpo, mas é igualmente poderosa perante quem a desafia. Oprime sem retórica, nem deslumbramento, agindo brutalmente sobre cada vítima. Mais uma vez João Canijo explora uma situação limite, (percurso iniciado com o filme Sapatos Pretos, de 1998), utilizando os recursos mitológicos e estilísticos da tragédia grega (presentes com regularidade na sua filmografia desde Ganhar a Vida, 2001), que faz convergir para uma unidade eficazmente coesa. Tudo se comprime no mundo fechado e marginal do alterne, onde se vende a ilusão vigiada do prazer e da transgressão. Por isso, as regras de quem controla este jogo são sempre explicitadas, não sendo tolerada qualquer inversão de papéis.

A resistência a esta opressão opera-se sobretudo através das palavras, quando ameaçam gestos libertadores, que são sumariamente aniquilados após qualquer tentativa de concretização. Quem se alonga em discursos são, por isso, as vítimas, dispensando o modo de elevação das famílias da realeza do imaginário clássico.

Ler análise na íntegra aqui.

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