domingo, 25 de abril de 2010

Publicações do dia 22: "The Inner Life of Martin Frost" e "La Frontière de L'aube"


"The Inner Life of Martin Frost" (2007) de Paul Auster analisado por Luís Rocha Antunes:

Se acertei, e The Inner Life of Martin Frost é um filme simultaneamente brilhante e injustamente mal amado, então será garantido que ele cairá no eterno esquecimento sem que coisa alguma o possa salvar. O seu reconhecimento significaria a destruição de pelo menos uma das variáveis que servem de base a esta argumentação. O paradoxo é este mesmo. Mostrar que este filme existe da forma que existe é também fazer com que deixe de existir. E por isso me custa tanto falar de The Inner Life of Martin Frost.

Na base da selecção deste filme, para um ciclo que procura revelar algo de fundamental que aconteceu no cinema na primeira década de 2000 e ficou esquecido ou não foi visto, estão sobretudo dois motivos. O primeiro é a sua recepção crítica e o segundo, o seu contributo para a história material do cinema português.

Em relação à recepção crítica, The Inner Life of Martin Frost foi apontado como caso falhado na delimitação das fronteiras entre cinema e literatura. Sendo esta uma asserção verdadeira, prefiro no entanto pensar que esse é um atributo que lhe dá ainda mais força e não o contrário, uma vez que revela a abordagem originalíssima de Paul Auster.

Ler análise na íntegra aqui.



"La Frontière de L'aube" (2008) de Philippe Garrel analisado por Sofia Tonicher:

I

Toda a obra de Philippe Garrel tem o autobiografismo como pedra de toque dos filmes. Sejam tentativas ofegantes de registo da sua vida e memórias, ou uma necessidade quase doentia de corrigir e aceitar o passado, cada filme comporta cicatrizes reais que evidenciam a proximidade de Garrel àquilo que filma. Mais do que reflectir sobre a passagem do tempo e o desconsolo do tempo perdido, Garrel problematiza a imagem cinematográfica e a forma como se relaciona com ela. Talvez consciente de que, após a morte, a imagem é o que resta, estabelece com esta uma relação tão intensa e assertiva.

Em La Frontière de l'aube, Garrel cria um dispositivo que pensa na perfeição a sua relação com a imagem. Este filme é habitado por imagens-reflexo que se perspectivam sucessivamente. O fantasma, o sonho, o espelho, a fotografia, o filho, o filme, Garrel coloca-se numa sala de espelhos que reflectem, num abismo narcísico, outras imagens de si. Sem fazer do filme uma terapia pessoal, Garrel projecta-se no filme tal como o Homem desde sempre se projectou nas imagens que o rodeiam – do reflexo do espelho à imagem cinematográfica. Garrel não se esquece que antes de qualquer ambição realística ou de objectividade, a imagem está investida de um carácter místico, afectivo e humano – e é precisamente isto que este filme nos relembra.

Ler análise na íntegra aqui.

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