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"Lady in the Water" (2006) de M. Night Shyamalan analisado por Rita Benis:
“I miss your faces, they remind me of God”
Originalmente concebido como história de embalar – que M. Night Shyamalan contava e recontava, noite após noite, às suas duas filhas - o enredo de Lady in the Water foi sendo testado e desenvolvido de forma obsessiva até se tornar um projecto de filme, culminando por último num livro infantil: “a minha esperança para este livro é que não fique ligado ao filme depois deste ano, que continue e se torne uma história de embalar que as crianças ouçam ano após ano após ano... Isso seria o meu sonho: que esta história continue a ser contada e contada, e novas crianças a ouçam, que continue a crescer, a chegar a mais e mais crianças”. Este seu desejo está presente na ingenuidade de Lady in the Water: é a misteriosa confiança que une Shyamalan à sua obra. E a sinceridade com que expõe essa confiança deixa-nos perplexos e arrebata-nos.
Story dirige-se a Vick Ran (a personagem interpretada pelo próprio realizador), profetizando a vinda de um rapaz que lerá o seu livro: "este rapaz tornar-se-á líder deste país e irá iniciar um movimento de grande mudança. Ele falará de ti e das tuas palavras e o teu livro será a semente de muitos dos seus grandes pensamentos. Estes serão as sementes da mudança". Shyamalan deseja vir a inspirar alguém. Tudo bem. Mas a magia de Lady in the Water é alheia a esse desejo. O programa pensado e definido como moral da história, à priori, foi assim como que ultrapassado por outra poesia, mais completa e plena que o desejo inicial poderia supor. Os perigos que nele se abrem (essa tentação programática e sentimental) são derrotados pelo seu mistério. Aquilo que de mágico acontece em Lady in the Water tem mais a ver com um certo movimento, um certo som, uma ininteligível aura que o filme transporta – como se, depois de tudo concluído (montagem, misturas de som, etc), resultasse algo mais orgânico que qualquer idealização pudesse conceber: um apelo vivo que respira miraculosamente por si.
Ler análise na íntegra aqui.
"John Carpenter's Ghosts of Mars" (2001) de John Carpenter analisado por Luís Mendonça:
This is about one thing: dominion.
Para muita gente, Carpenter tem dado sucessivos passos em falso com os seus últimos filmes, nomeadamente, os mais recentes Vampires (1998) e este Ghosts of Mars. Talvez a sua estética, mais trashy e heavy metal, tenha confundido os menos atentos, porque, na realidade, Carpenter nunca foi tão bem sucedido a arriscar tanto.
Comecemos pelo que (praticamente) não mudou: a obsessão pelo “filme de cerco”, sobretudo, os westerns Rio Bravo (1959) e El Dorado (1966), ambos do seu ídolo Howard Hawks, onde a acção se concentra no espaço (uma prisão) e se expande no tempo (minutos passam e a história pouco avança).
Ler análise na íntegra aqui.
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