quinta-feira, 29 de abril de 2010

Publicações do dia 28: "The Business of Fancydancing" e "Bamako"


"The Business of Fancydancing" (2002) de Sherman Alexie analisado por Joana Rodrigues:

O filme The Businesse of FancydancingSherman é a primeira e única longa-metragem (até à data) do escritor nativo americano Sherman Alexie (Spokane / Coeur d’Alene), o mais recente vencedor do prémio literário americano PEN/Faulkner Award for Fiction, com o seu último livro “War Dances”. Em 2007, a sua obra “The Absolutely True Diary of a Part-Time Indian” foi também distinguido, entre outros, com o National Book Award for Young People’s Literature.

Não só pela peculiaridade de ser um filme realizado por um escritor reconhecido, como pelo facto de ser um exercício repleto de críticas irónicas às experiências dos nativo-americanos na contemporaneidade (característica que marca em grande parte a obra escrita do autor), este filme de Sherman Alexie representa, no panorama do cinema nativo americano contemporâneo, um esforço ousado e original para a transmissão de um ponto de vista postindian. Como o próprio termo indica, postindian refere-se à expressão cultural que procura a desconstrução do “índio”, no sentido de uma remodelação da sua imagem distorcida, a qual, no caso do cinema, tem o seu expoente máximo no “inimigo”que habita os westerns americanos. Sendo que The Business of Fancydancing é um filme indissociável do conceito de postindian tal como ele é defendido por Gerald Vizenor (um outro “peso-pesado” da literatura nativo-americana), vale a pena clarificar as intenções deste autor. Com efeito, a principal premissa do ponto de vista de Vizenor no que diz respeito a uma identidade postindian é a distinção que o autor faz entre “índio” e “nativo”. Assim, Vizenor explica que o “índio” é uma invenção colonial, uma ausência que não especifica a diversidade cultural das tribos nativo-americanas. O autor acrescenta que a atitude postindian desconstrói a ideia de “índio”, criando desta forma uma presença nativa que edifica as “verdadeiras” identidades dos povos nativo-americanos através de uma ponte para o futuro. Gerald Vizenor sugere ainda que o conceito postindian se inspira na figura do trickster, que, através do humor e da ironia, questiona e desconstrói estruturas estabelecidas, revertendo-as, neste caso, a favor dos nativos.

Ler análise na íntegra aqui.



"Bamako" (2006) de Abderrahmane Sissako analisado por David Barros:

Se por esta altura do ano passado me tivesse interrogado se já tinha visto cinema africano, responderia sem hesitação que sim e seriam múltiplas e variadas as imagens cinematográficas do continente que me viriam à mente. A verdade é que estas representações eram muito mais fruto de canais de veiculação imagética criados e controlados por europeus e norte-americanos do que o resultado de uma perspectiva cinematográfica africana. Grande parte das imagens em movimento que retinha de África eram, na verdade, oriundas da obra de um só cineasta, Jean Rouch, que defendia a sua subjectividade individual em contraposição à perspectiva europeia enviesada de que o acusavam os seus colegas africanos. Num conhecido debate entre Rouch e um dos mais importantes realizadores senegaleses, Mahama Traoré (que morreu, aliás, o mês passado em Paris), o cineasta africano explicou as suas reticências em relação ao monopólio estrangeiro das imagens do continente: “Il n’y a pas de doute que le principal cinéma qui montre les Africains est […] celui de Rouch. Il nous intéresse car il montre avec respect des coutumes, les nôtres, qui ont été bafouées par les Blancs. Mais ce que je reproche à Rouch, c’est son parti pris. Il lui faudrait parvenir à une totale objectivité. Il devrait enregistrer des images et les monter sans chercher à imposer son point de vue."

Ler análise na íntegra aqui.

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